Na quinta-feira, o conselho de governadores do BCE decidiu aumentar em 75 pontos base as taxas de juro de referência na zona euro – o segundo aumento seguido desta dimensão depois da subida de setembro (e de 50 pontos em julho), elevando a taxa dos depósitos para 1,5% e a taxa de refinanciamento para 2%, o nível mais elevado desde julho de 2008.
“O BCE é independente [dos governos] e devemos respeitar essa independência, o que não quer dizer que não tenhamos uma opinião sobre a matéria”, declarou António Costa, durante uma conferência de imprensa conjunta com a primeira-ministra francesa, Elisabeth Borne, no Palácio Foz, em Lisboa.
Perante os jornalistas, o primeiro-ministro português insistiu na necessidade de o BCE agir com “prudência na normalização da política monetária”.
“É preciso compreender a natureza específica do choque inflacionista que estamos a sofrer, que não resulta de um aumento exponencial da procura, mas de quebras significativas da oferta. Essas quebras são resultado de uma rutura das cadeias de abastecimento ainda fruto da pandemia da covid-19 e que foram agravadas pela guerra desencadeada pela Rússia contra a Ucrânia, gerando uma crise energética à escala global e que se reflete, naturalmente, nas nossas economias”, sustentou António Costa.
O primeiro-ministro português disse aceitar que “a prioridade tem de ser para todos reduzir a inflação tão rápido quanto possível”.
“Mas é importante que se mantenha o equilíbrio entre o esforço da política monetária para conter a inflação e evitarmos riscos de recessão. Um risco que seguramente agravaria a situação social e poderia mesmo colocar em causa ainda mais a oferta disponível para satisfazer as economias”, salientou António Costa.
Em relação à atuação da instituição liderada pela francesa Christine Lagarde, a primeira-ministra francesa optou por uma resposta curta, mas assinalando que “partilha largamente do ponto de vista” antes apresentado por António Costa.
“O primeiro objetivo de ação é a redução da inflação e conter os aumentos dos preços da energia. O BCE está a atuar no quadro da sua independência, mas cada um dos governos pode observar em relação à necessidade de um equilíbrio entre a resposta a dar ao fenómeno da inflação e não afetar de forma excessiva a economia. Essa é uma preocupação largamente partilhada na Europa”, acrescentou Elisabeth Borne.
NR/HN/LUSA
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