Chamando a atenção para a importância de as pessoas se responsabilizarem pela sua saúde, João Gonçalves Pereira diz que, antes da pandemia, “as pessoas tinham uma visão menos realista, sobretudo da gravidade da infeção”.
“Há 100 anos, a infeção grave era, na maioria das vezes, mortal, o que criava uma consciencialização de que era um problema sério, mas pouco havia a fazer. Com a explosão dos antibióticos e a diminuição da mortalidade associada a essas infeções (…) houve desconsciencialização”, afirma o especialista.
O responsável reconhece que as pessoas precisam de se responsabilizar mais pela sua saúde e que ainda descansam muito nos profissionais de saúde e no sistema, exemplificando: “Há familiares de doentes que ainda perguntam se ainda se morre de pneumonia”.
Um estudo nacional feito pelo Grupo de Investigação e Desenvolvimento em Infeção e Sépsis (GIS – ID), na sequência de trabalho idêntico que tinha sido feito em 2020, releva que aumentou o número de pessoas que consideram que são as infeções causadas por bactérias as que devem ser tratadas com antibióticos (42% em 2022 vs. 36% em 2020).
Os dados do inquérito, feito com o apoio do Centro de Estudos Aplicados da Universidade Católica Portuguesa, indicam ainda que as mulheres são as que mais identificam as infeções bacterianas como as que devem ser tratadas por antibióticos (60% vs. 40% dos homens).
Mais de metade (54%) dos que responderam disseram já ter tido covid-19 (provocada pelo coronavírus) e, com a doença, 9% das pessoas disse ter tomado antibiótico.
A maioria dos que revelam ter tomado antibiótico com a covid-19 tem formação ao nível do ensino secundário (33%) ou não completou o 3ºciclo (30%).
Reconhecendo que a covid-19 inverteu a tendência da falta de consciencialização para a importância das infeções e das suas consequências, o médico João Gonçalves Pereira diz que é preciso passar algum tempo e haver algum distanciamento para perceber qual foi o impacto da pandemia a este nível.
LUSA/HN
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