O estudo, conduzido pelas investigadoras Cláudia Braz, Sónia Cabral e Leonor Cunha, analisou um painel representativo de 22 hospitais públicos portugueses entre 2012 e 2022, utilizando ferramentas de Data Envelopment Analysis (DEA). Os resultados apontam para uma redução generalizada das medidas de eficiência, com a eficácia média a diminuir de 0,85 pontos em 2012 para 0,8 em 2022, representando um declínio de 5,9%.
Apesar do aumento consistente da despesa hospitalar nas últimas duas décadas, impulsionado principalmente pelo crescente papel dos hospitais privados, cujas despesas são atualmente financiadas em 50% pelo Estado, este investimento não se traduziu numa maior eficiência. Pelo contrário, o estudo aponta para ineficiências consideráveis, evidenciadas pelas longas listas de espera para procedimentos médicos, escassez de médicos no setor público e perceção de deficiências orçamentais e de controlo centralizado.
O estudo revela ainda que apenas três hospitais melhoraram parcialmente a sua eficiência técnica: Centro Hospitalar Baixo Vouga, Hospital Espírito Santo de Évora e Centro Hospitalar Trás os Montes Alto Douro. Por outro lado, três hospitais mantiveram-se na categoria de eficientes: Centro Hospitalar de Entre Douro e Vouga, Centro Hospitalar Universitário São João e Hospital Santa Maria Maior (Barcelos).
As autoras concluem que, apesar do aumento continuado da afetação de recursos financeiros das administrações públicas aos hospitais e aos serviços médicos, continua a ser incerta uma melhoria tangível da eficiência, sendo visível algum descontentamento entre a população. Adicionalmente, salientam que o processo de orçamentação do SNS carece de um controlo centralizado e tem enfrentado persistentemente um subfinanciamento, com défices acumulados entre 2014 e 2022 a atingirem 2,5% do PIB, enquanto as injeções de capital aos hospitais no mesmo período equivaleram a 2,3% do PIB.
NR/HN/Lusa
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