“A responsabilidade que o governo tem nesta negociação com os profissionais de saúde é uma: é de dar condições aos profissionais para que eles se mantenham no SNS. Estes profissionais, quando dizem ‘nós não aguentamos trabalhar mais dois, três, quatro meses de horas extraordinárias para sempre’, estão a defender o direito ao Serviço Nacional de Saúde (SNS) e estão a defender o futuro do SNS. E é por isso que nós temos que exigir ao governo que chegue a acordo com estes profissionais”, declarou Marina Mortágua, em Gaia (Porto).
À margem de um piquete de greve dos trabalhadores da RTP no qual marcou presença, a líder do BE acusou o ministro da Saúde, Manuel Pizarro, de ser o “principal responsável por aquilo que está a acontecer” no setor.
“O que o ministro da Saúde está a dizer ao país e está a dizer aos profissionais de saúde é que têm que trabalhar horas extraordinárias (…) e que, se não o fizerem, a responsabilidade é deles por aquilo que corre mal no SNS. A maior irresponsabilidade de todas é do ministro, que nega as suas próprias responsabilidades de ter que manter um SNS, mas manter também o direito daqueles que ali trabalham e que não podem trabalhar uma vida inteira, horas extraordinárias”, disse.
Na opinião de Mortágua, a responsabilidade que o governo tem na negociação com os médicos é a de dar “condições aos profissionais para que eles se mantenham no SNS”.
Mariana Mortágua lamentou que Manuel Pizarro esteja constantemente a adiar “um acordo” com os profissionais de saúde.
“Não entrega papéis escritos, quando entrega os papéis dizem o contrário daquilo que tinha prometido, e tudo para não garantir aos médicos aquilo que eles estão a pedir, que é menos trabalho extraordinário e um salário que seja digno e que corresponda ao trabalho que estão a fazer”, sustentou.
Mariana Mortágua disse esperar que o governo tenha noção da sua responsabilidade nestas negociações e que não olhe para elas como uma guerra entre o governo e os médicos, “porque os médicos estão a defender o SNS”.
Mais de 30 hospitais de norte a sul do país estão a enfrentar constrangimentos e encerramentos temporários de serviços devido à dificuldade das administrações completarem as escalas de médicos.
Em causa está a recusa de mais de 2.500 médicos em fazerem mais do que as 150 horas extraordinárias anuais a que estão obrigados.
Esta crise já levou o diretor executivo do Serviço Nacional de Saúde (SNS), Fernando Araújo, a admitir que novembro poderá ser dramático, caso o Governo e os sindicatos médicos não consigam chegar a um entendimento.
As negociações entre sindicatos e Governo prolongam-se há 18 meses e há nova reunião marcada para sábado.
LUSA/HN
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