BE acusa ministra da Saúde de partidarizar nomeações para as ULS

18 de Fevereiro 2025

O Bloco de Esquerda (BE) acusou hoje a ministra da Saúde de estar a partidarizar as nomeações para as Unidades Locais de Saúde (ULS) quando os critérios devem ser de competência e transparentes.

“Há nomeações bastante polémicas em várias regiões do país em que a experiência profissional e o conhecimento foram, até que provem o contrário, substituídas por um cartão partidário, muitas ligações a autarquias, mas pouco conhecimento da gestão hospitalar”, disse a deputada Marisa Matias que reuniu esta manhã com a administração da ULS Gaia/Espinho (ULSGE), a deputada Marisa Matias.

Após uma reunião com Rui Guimarães, presidente do conselho de administração da ULSGE que terminou mandato em dezembro, mas não é conhecida ainda a sua continuidade ou substituição, a deputada bloquista elogiou o trabalho da atual administração e reiterou a necessidade de “despartidarizar” os cargos.

“O SNS [Serviço Nacional de Saúde], além de ser a maior conquista do 25 de Abril em Portugal, continua a ter muitos bons exemplos de funcionamento e deve-os aos seus profissionais. E nesta ULS percebemos que houve um trabalho que foi feito nos últimos anos que permitiu melhorar e muito a resposta aos utentes”, disse Marisa Matias.

E exemplificou: “Aqui existe uma cobertura de quase 100% de médicos de família, conseguiram reduzir os tempos de espera nas urgências, os acesso às cirurgias (…). Há aqui uma ULS que funciona e que melhorou muito a resposta aos utentes. Tem resultados, uma evolução muito concreta”.

Sem querer, no entanto, particularizar sobre se é aceitável ou não que o conselho de administração da ULSGE venha a ser substituído, Marisa Matias disse que “nas 11 substituições que foram feitas desde que este Governo tomou posse, em muitas delas, o Governo não se conseguiu desvincular da partidarização”.

“Os critérios devem ser critérios de competência clínica e gestão hospitalar, e critérios com transparência. As administrações devem ser validadas pelos seus pares. A seleção deve ser feita pelos pares”, defendeu.

Marisa Matias apontou que “não foi uma, nem duas, nem três vezes que perante os problemas no SNS, nomeadamente as listas de espera e o encerramento de urgências” Ana Paula Martins “transferiu essa responsabilidade diretamente para os conselhos de administração”.

“Não assume a própria responsabilidade. É grave”, concluiu a deputada.

A continuidade ao não a equipa de Rui Guimarães na ULSGE ainda não é conhecida apesar de o mandato da atual administração, que tomou posse em 2019, ter terminado há quase dois meses.

Este impasse já gerou outras tomadas de posição como a de deputados do PS ou do presidente da Câmara de Gaia, o socialista Eduardo Vítor Rodrigues, bem como do líder da Iniciativa Liberal, Rui Rocha, e motivou já dois abaixo-assinados de diretores de serviço.

Rui Guimarães foi nomeado diretor clínico do Hospital de Barcelos durante o governo PSD liderado por Pedro Passos Coelho, tendo sido conduzido para o Centro Hospitalar Gaia/Espinho quando Marta Temido tutelava a Saúde no primeiro governo de António Costa.

NR/HN/Lusa

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