Passado um quarto de milénio desde que foi “benzida e lançada a primeira pedra” do projeto do novo Hospital Real Santo António, o provedor da Santa Casa da Misericórdia do Porto, instituição que “ergueu e consolidou” aquela estrutura hospitalar, afirmou que a “missão de serviço público” tem sido, continuadamente, cumprida.
“É com um sentimento de enorme alegria que estamos a assistir à celebração dos 250 anos do lançamento da primeira pedra do hospital, que foi construído para dar resposta à cidade do Porto e que hoje continua a dar essa resposta”, salientou António Tavares.
A 15 de julho de 1770, os terrenos desocupados nos arredores do Largo do Professor Abel Salazar davam lugar à construção do Hospital de Santo António, mas a proposta apresentada pelo arquiteto inglês John Carr não chegou a executar-se na totalidade, tamanha era a sua dimensão, grandiosidade e custo.
Com os primeiros anos de construção a serem marcados pela “turbulência” das invasões francesas, entre a década de 1770 e o início do século XIX, apenas foram executados dois terços do projeto.
“Ainda assim, isso não tirou o grande esplendor do edifício”, disse à Lusa o provedor da Santa Casa da Misericórdia do Porto, instituição que pretende agora fazer a limpeza da fachada do hospital, numa intervenção que rondará os 500 mil euros e que ficará a cargo da Cooperativa dos Pedreiros do Porto.
“Graças à ajuda de alguns parceiros, vamos conseguir limpar a fachada e devolver o esplendor daquele edifício. Dizer que ele está ali, que é uma instituição da cidade, que foi feito por gente da cidade e que é um hospital da cidade”, afirmou.
Em 1824 era inaugurada aquela estrutura hospitalar que, com o tempo, se converteu no “hospital da cidade”. Por lá passaram vítimas de grandes catástrofes, epidemias como a gripe espanhola ou a peste bubónica e revoluções, como a guerra civil do Porto.
“O Hospital Real que foi criado nessa época não deixou de ser muito diferente ao longo destes dois séculos e meio”, salientou à Lusa Paulo Barbosa, presidente do Conselho de Administração do Hospital de Santo António, acrescentando que a unidade hospitalar soube sempre “adaptar-se aos desafios”.
“As instituições não são imunes às alterações que os países vão sofrendo, mas o desafio contínuo é sobretudo do ponto de vista clínico, porque a verdade é que os hospitais existem para dar resposta à população e aos seus problemas de saúde”, considerou.
Para Paulo Barbosa, a prática clínica é um desafio “constante e em contínua mutação”, em particular num tempo em que a tecnologia e ciência “têm evoluído a uma velocidade galopante”, algo que “obriga” à reinvenção diária da equipa médica “quase todos os dias”.
Ainda que a covid-19 seja uma situação “rara”, dada a frequência com que surgem pandemias, Paulo Barbosa acredita que, em conjunto com a cidade, a unidade hospitalar vai ser capaz de ultrapassar este “desafio”.
“Estamos preparados para responder a esta pandemia, a população tem respondido de forma capaz. Logicamente que vai ser um inverno complicado, independentemente de haver ou não uma segunda vaga, mas vamos ser capazes de ultrapassar, mais uma vez, em conjunto com a cidade este desafio”, disse.
Ainda que este ano, as celebrações dos 250 anos sejam “particularmente diferentes”, a Misericórdia do Porto e o Centro Hospitalar do Porto vão assinalar, na quarta-feira, o lançamento da primeira pedra com uma sessão solene e um concerto da Banda Sinfónica Portuguesa nos jardins do edifício em homenagem aos profissionais de saúde que estão na linha da frente no combate à covid-19.
Além do Hospital de Santo António, o Centro Hospitalar do Porto integra o Centro Integrado de Cirurgia de Ambulatório, o Centro Materno-Infantil do Norte e o Centro de Genética Médica Dr. Jacinto Magalhães.
A pandemia de covid-19 já provocou mais de 573 mil mortos e infetou mais de 13,12 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
Em Portugal, morreram 1.662 pessoas das 46.818 confirmadas como infetadas, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
LUSA/HN
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