Macau aposta na vacinação para recuperar a indústria do jogo e do turismo

30 de Dezembro 2020

A principal atividade económica de Macau, o jogo, foi a primeira a ser afetada pela pandemia e só a vacina poderá permitir o regresso à normalidade de um dos territórios mais ricos do mundo

Em plena crise pandémica, a diretora do turismo de Macau já tinha defendido, em entrevista à Lusa, que só a vacina contra a covid-19 poderia ressuscitar o motor da economia e devolver turistas à capital mundial do jogo.

Mais recentemente, o próprio chefe do executivo de Macau salientou que a recuperação da economia, do turismo e do emprego só será possível com a vacina.

Com Pequim a assumir-se como a única economia a crescer no pesadelo financeiro e social que assombrou o mundo, com uma brutal pressão nos sistemas de saúde, sobretudo de países europeus e americanos, os governantes de Macau depositam esperanças de que a dependência da Las Vegas da Ásia em relação à China, tantas vezes alvo de críticas, garanta desta feita uma recuperação acelerada do turismo e dos casinos.

Depois de ter tentado estancar a hemorragia económica da crise provocada pela pandemia, com apoios extraordinários e sem precedentes dirigidos à população e às pequenas e médias empresas, após lançar pacotes de investimento público e de ver a China retomar a emissão de vistos turísticos para entrada em Macau, a região administrativa especial chinesa vai em 2021 viver o desafio de tentar equilibrar as contas num contexto de recessão.

No próximo ano, num contexto muito incerto, mas certamente ainda longe dos quase 40 milhões de turistas do ano passado e dos 292 mil milhões de patacas (30 mil milhões de euros) em receitas do jogo em 2019, Macau vai continuar com os trabalhos legislativos para a renovação das concessões dos casinos que acabam em 2022.

O Governo garantiu que a definição do caderno de encargos em 2021 é para avançar, mesmo depois de este ano as receitas dos casinos terem caído drasticamente, com as operadoras a registarem centenas de milhões de euros de prejuízos, e com a ‘migração’ turística para as salas de jogo a manter-se uma incógnita.

As previsões do Governo de Macau apontam, por exemplo, para um Orçamento deficitário, prevendo que as receitas do jogo se fiquem pelos 130 mil milhões de patacas (13,4 mil milhões de euros), ou seja, menos de metade do que foi arrecadado no ano passado, antes da crise pandémica.

Às incertezas, as autoridades do território querem responder com o acelerar da integração nacional: é prova disso o processo legislativo em áreas como a segurança, mas também o projeto da Grande Baía, traçado por Pequim, e que pretende formar uma metrópole mundial com Macau, Hong Kong e nove cidades da província chinesa de Guangdong, numa região com cerca de 70 milhões de habitantes e com um Produto Interno Bruto (PIB) que ronda 1,2 biliões de euros, semelhante ao PIB de Austrália, Indonésia ou México, países que integram o G20.

O investimento público em 2021 é uma das promessas governativas, com o arranque de novas áreas urbanas, a quarta ponte Macau-Taipa e a expansão do aeroporto internacional, prosseguindo os trabalhos de extensão do metro ligeiro, assim como aqueles para concluir o Plano Diretor [de desenvolvimento urbanístico 2020-2040].

O reforço do investimento na economia no próximo ano, de resto, está plasmado nos 18,5 mil milhões de patacas (1,9 mil milhões de euros) destinados às obras públicas, segundo o Governo.

NR/HN/LUSA

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