“Daquilo que me é dado conhecer, não temos assim tantas situações tão problemáticas como, infelizmente, tem acontecido um pouco por todo o país, de qualquer forma já tivemos muitas situações e, infelizmente, com morte”, afirmou o presidente da União Distrital das IPSS de Lisboa, José Carlos Batalha, sem avançar dados concretos, por considerar que “os números têm a frieza”.
Manifestando-se contra a “cultura de estatística”, José Carlos Batalha defendeu a “cultura de cuidar, que é, no fim de contas, a matriz identitária das instituições de solidariedade social”, apelando ao trabalho da comunicação social para se conseguir criar “uma cultura de defesa, que não é uma cultura de distanciamento de quem precisa”.
“Muitas vezes – e perdoar-me-á esta franqueza – a comunicação social apenas relata que no lar da instituição tal houve x casos, houve x mortos, […] não posso deixar de me manifestar um pouco triste, porque é importante dizer que por trás, no âmbito desta instituição há problemas de famílias gravíssimos, há todo um conjunto de gente, sobretudo de pessoas que trabalham nestas instituições, que estão na linha da frente e que é importante que se lhes dê o valor”, declarou o presidente da União Distrital das IPSS de Lisboa.
Com mais de 500 instituições associadas, em que cerca 380 têm estruturas residenciais para idosos (ERPI), a União Distrital das IPSS de Lisboa reforçou que o balanço relativamente à capacidade de resposta à pandemia da covid-19, em particular nesta segunda vaga, é “muito positivo”, reiterando a importância dos colaboradores, por “prestarem um serviço absolutamente fantástico à sociedade”.
“Têm sido construídas verdadeiras histórias de amor, de amor ao próximo, de amor concreto nas instituições, pela dádiva, pela partilha, pelo trabalho conjunto, pelo trabalho sem horas, portanto este é o retrato que é possível fazer neste momento, de que estamos onde é preciso, para quem é preciso”, disse José Carlos Batalha, assegurando que as instituições estarão sempre a dizer ‘presente’.
Sem avançar com qualquer dado estatístico da evolução da situação pandémica, o dirigente distrital das IPSS de Lisboa referiu que existem “casos sobejamente conhecidos” de surtos, sobretudo nos lares de idosos, acrescentando que há registo de “vários, variadíssimos, que foram largamente e amplamente noticiados”.
Sobre a capacidade de resposta das IPSS à covid-19, José Carlos Batalha realçou que, “objetivamente, as instituições têm respondido”, ressalvando que existem “situações muito díspares, porque depende muito das circunstâncias, das estruturas físicas de cada instituição”.
“Daquilo que é comum, não temos tido tantas situações em que, efetivamente, houve necessidade e houve falta de pessoal, mas sim, tivemos algumas e foram amplamente noticiadas também pela comunicação social”, concluiu o presidente da União Distrital das IPSS de Lisboa, criticando as opiniões “absolutamente inqualificáveis” de que os dirigentes das instituições têm descurado estas situações.
De acordo com o dirigente distrital das IPSS de Lisboa, as instituições têm feito “um trabalho imenso” na resposta à pandemia, inclusive procurando reforçar o número de voluntários com o apoio das câmaras municipais e de outras organizações, admitindo que, “infelizmente, às vezes nem sempre é possível, às vezes não é possível no imediato”.
“Temos tido no distrito de Lisboa algumas situações, creio que não tantas como em outros distritos”, avançou o dirigente, referindo à falta de capacidade de resposta à situação pandémica nas IPSS.
Passado cerca de dez meses desde o início da pandemia em Portugal, contando já com duas vagas, o principal desafio das IPSS de Lisboa é vencer o “extremo cansaço”, porque o trabalho dos colaboradores tem disso “inexcedível”.
A pandemia de Covid-19 provocou pelo menos 1.869.674 mortos resultantes de mais de 86,3 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
Em Portugal, morreram 7.377 pessoas dos 446.606 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
LUSA/HN
0 Comments