Instituto brasileiro quer testar em humanos soro feito de plasma de cavalos

6 de Março 2021

O Instituto Butantan, vinculado ao Estado brasileiro de São Paulo, anunciou hoje que pediu autorização ao órgão regulador do Brasil para testar em pacientes infetados com covid-19 um soro feito a partir de plasma de cavalos.

O anúncio foi feito hoje pelo governador de São Paulo, João Doria, que acredita que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa, órgão regulador) irá dar o aval para início dos testes nas próxima semana.

“Não há razão para protelar a autorização para o início destes testes, já que todas as informações necessárias foram providas pelo Instituto à Anvisa. O soro desenvolvido pelo Butantan tem grande potencial para evitar o agravamento dos sintomas e curar os contaminados pela covid-19”, advogou o governador.

Segundo o executivo de São Paulo, três mil frascos de soro estão prontos para o início imediato dos testes em humanos e o objetivo da investigação é verificar a segurança e a eficácia do antídoto em pacientes infetados com o novo coronavírus.

“A equipa de investigadores do Butantan concluiu um teste de desafio, realizado em parceria com a Universidade de São Paulo, com ratos infetados pelo vírus vivo. Com o uso do soro, foi identificada diminuição da carga viral, além de perfil inflamatório reduzido, e os animais também apresentaram preservação da estrutura pulmonar”, salienta um comunicado do Governo de São Paulo.

O soro em causa é produzido a partir da inoculação do vírus inativo em cavalos. O corpo dos animais reage ao microrganismo e produz anticorpos para combater a infeção. Depois, o sangue dos equídeos é recolhido e esses anticorpos são isolados para que possam ser usados contra a doença.

Após a eventual aprovação da Anvisa para o início dos testes em humanos, e caso apresente a eficácia esperada, o soro poderá ser usado para tratar pacientes infetados com sintomas, visando bloquear o avanço da covid-19.

A possibilidade utilização deste soro surge no momento mais critico da pandemia no Brasil, que já acumula 10,8 milhões de diagnósticos de infeção (10.869.227) e 262.770 mortes devido à covid-19.

Já o estado de São Paulo, foco da pandemia no Brasil, anunciou hoje que irá abrir um hospital de campanha e convocar profissionais de saúde voluntários para atender pacientes infetados, numa “operação de guerra” contra a doença.

Para travar a pandemia, todos os municípios do estado entram à meia-noite de sábado na “fase vermelha” do plano de contenção da doença, em que apenas os serviços essenciais têm permissão para funcionar.

Cenário semelhante ocorre em outras regiões do país, devido a uma rutura nas redes de saúde pública e privada e ao aumento da circulação de novas estirpes do novo coronavírus em todo o território.

A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 2.570.291 mortos no mundo, resultantes de mais de 115,5 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

LUSA/HN

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