Estas posições foram assumidas por Duarte Cordeiro em entrevista à agência Lusa, depois de questionado se há reais condições políticas para o Bloco de Esquerda voltar a viabilizar uma proposta do Governo de Orçamento do Estado, depois de ter votado contra no ano passado.
“Esperamos que sim. Temos a expectativa de que existem essas condições para um entendimento”, declara o membro do executivo.
Neste ponto, o secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares defende que “o país vive um momento de recuperação para o qual é necessário haver um Orçamento que permita a preservação de um conjunto de respostas e, simultaneamente, apostar no investimento público, na retoma e em projetos inscritos no Plano de Recuperação e Resiliência (PRR)”.
“Esses projetos devem permitir que o país saia da crise da pandemia mais forte do que estava antes desta crise. Há condições políticas para isso. Esperamos que haja capacidade para nos entendermos. Estamos a trabalhar nesse sentido”, assinala.
Questionado sobre o facto de o Bloco de Esquerda, em sucessivas intervenções públicas, se revelar mais contundente do que o PCP nas críticas ao Governo, designadamente em debates parlamentares com a presença do primeiro-ministro, António Costa, Duarte Cordeiro secundariza esses episódios.
“Tivemos reuniões de trabalho com o Bloco de Esquerda que decorreram em clima muito semelhante ao de anos anteriores. Dessas reuniões resultou um conjunto de objetivos e de prioridades. Ficámos de trabalhar sobre elas e voltar a reunir no final deste mês ou início de setembro. A nossa expectativa é continuar este trabalho e procurar alcançar um entendimento”, salienta.
Interrogado se PS e o Governo vão pôr “uma pedra” sobre aquilo que aconteceu no ano passado com o Bloco de Esquerda, quando optou pelo voto contra o Orçamento para 2021, Duarte Cordeiro advoga que o seu partido “fez uma avaliação política” dessa decisão do BE de chumbar o Orçamento.
“E o PS continua a fazer essa avaliação. O PS entende que foi fundamental a aprovação do último Orçamento, porque permitiu inscrever um conjunto de medidas que, sem elas, Portugal poderia não estar em condições de combater a crise nos mesmos termos. No entanto, disponibilizámo-nos para conversar e trabalhar com o Bloco de Esquerda, tal como fizemos no passado. O Bloco de Esquerda também demonstrou disponibilidade. Tivemos já reuniões e estamos a trabalhar”, afirma.
De acordo com a generalidade das sondagens, apesar de o Bloco de Esquerda ter chumbado o Orçamento para 2021, a relação de forças entre este partido e o PS praticamente não se alterou ao longo do último ano.
Duarte Cordeiro apresenta uma explicação para esse indicador resultante da generalidade dos estudos de opinião.
“Não houve nenhuma crise porque houve partidos que aprovaram o Orçamento para 2021. Portanto, felizmente, essa avaliação é feita num contexto em que foi possível o Governo adotar um conjunto de medidas fundamentais, como o lay-off a 100%, que preservou o emprego e os rendimentos, o aumento do salário mínimo e a extensão de um conjunto de medidas de apoios sociais”, sustenta.
Interrogado se está convencido de que se o Orçamento para 2021 não tivesse sido aprovado, os indicadores traduziriam uma penalização eleitoral do Bloco de Esquerda, o dirigente socialista responde: “Felizmente, o Orçamento foi aprovado, tornando possível uma resposta diferente à crise”.
“Ainda estamos num contexto de combate à pandemia e os portugueses esperam que o Governo esteja concentrado nesse combate. Esperam também que estejamos concentrados numa rápida recuperação da economia e na concretização das condições existentes – condições que só foram possíveis porque negociámos um conjunto de pacotes de fundos europeus, como o PRR e o novo quadro comunitário – que permitam a resolução de problemas estruturais do país”, acrescenta.
LUSA/HN
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