Parte das despesas de autarquias com a covid-19 não estão certificadas

5 de Maio 2022

O secretário de Estado da Administração Local alertou hoje que parte das despesas das autarquias com a covid-19 não estão certificadas, numa audiência no parlamento, onde negou que o processo de descentralização esteja a ser “um desastre”.

No final de uma longa audiência parlamentar conjunta sobre a proposta de Orçamento do Estado para 2022 (OE2022), Carlos Miguel respondia a questões apresentadas pelos deputados depois de queixas de municípios e freguesias de que ainda não foram ressarcidos das despesas que realizaram no combate à pandemia, que também não estão incluídas no OE2022.

“Para haver dívida, tem que haver contrato. Para haver dívida, tem que haver compromisso. Aquilo que vos quero dizer é o seguinte: o esforço feito pelas autarquias, câmaras municipais e juntas de freguesia, foi enorme e todos nós só temos que agradecer e evidenciar o mesmo e tentar por todas as formas conseguir cobrir o máximo possível dessas despesas. Sendo certo, e é bom que aqui se diga, que uma parte dessas despesas não são despesas certificadas, mas o Governo está atento e está aberto para chegar a uma solução justa sobre as mesmas”, afirmou Carlos Miguel.

Durante a manhã tinham sido ouvidas em audições sobre a proposta de OE2022 a Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP) e a Associação Nacional de Freguesias (Anafre).

Os municípios realçaram que o OE2022 não contém qualquer verba para ressarcir as autarquias das despesas relacionadas com o combate à pandemia, que, segundo contas validadas pelo Tribunal de Contas, “ascendem a 156 milhões de euros só em 2020”.

Pelo seu lado, a Anafre pediu para o OE2022 incluir o pagamento às juntas das despesas extraordinárias que tiveram com a covid-19 nos últimos dois anos e que já reportaram ao Governo.

Depois de ouvir, durante a tarde, críticas de deputados ao processo de descentralização de competências em curso para os municípios, Carlos Miguel negou que o processo esteja a “ser um desastre”.

O secretário de Estado disse que nenhum dos diplomas setoriais que desenvolvem as 22 competências no quadro da descentralização é um desastre e destacou que “daquilo que se fala é de três competências”, a Educação, a Saúde e a Ação Social, e só da componente financeira destinada ao seu exercício.

“É muito gratificante que nunca se fale na ausência de serviços às populações, mas na eventual e muito provavelmente certeza de haver complementos financeiros e isso é o mais fácil de resolver, na minha ótica”, considerou.

O governante assinalou ainda que a Assembleia da República (AR) também tem uma quota de responsabilidade pelos diplomas da descentralização, que alguns deputados consideraram hoje um desastre.

“O Governo legislou nestes decretos-lei por autorização da AR e a AR podia perfeitamente avocar a si qualquer um desses decretos-lei. E, dos 22 diplomas avocou um, o chamado diploma dos veterinários municipais ou da alimentação, e revogou-o. Não avocou mais nenhum e isso é a prova provada que estava de acordo com os mesmos”, disse.

“Há questões a corrigir? Estamos cá para corrigir, é esse o nosso trabalho. Cada um de nós que assuma as suas responsabilidades e nós estamos aqui para assumirmos as nossas, com toda a clareza política, como não poderia deixar de ser”, acrescentou.

O parlamento está a apreciar o OE2022 na especialidade, estando a votação global final marcada para 27 de maio.

LUSA/HN

0 Comments

Submit a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

ÚLTIMAS

ULS de Coimbra aumenta atividade assistencial na região em 2024

A Unidade Local de Saúde (ULS) de Coimbra aumentou em 2024 a atividade assistencial na região, comparativamente a 2023, tendo ficado muito próxima de realizar um milhão de consultas e registado mais de cinco mil nascimentos.

Enfermeiros reagem a regime de dedicação plena com petição ao governo

Os enfermeiros que trabalham em Unidades de Saúde Familiar (USF) manifestaram a sua discordância em relação ao regime de Dedicação Plena imposto pelo Governo, através de uma petição promovida pela Associação Sindical Portuguesa dos Enfermeiros (ASPE). 

Menopausa Precoce em Debate nas FNAC Talks

No passado dia 10 de janeiro, a FNAC de Alfragide recebeu mais uma edição das FNAC Talks, desta vez dedicada ao tema “Fertilidade e Menopausa Precoce”. 

MAIS LIDAS

Share This
Verified by MonsterInsights