Brasil cria centro para investigar causas de hepatite aguda depois de 44 casos suspeitos

15 de Maio 2022

O Brasil instalou um centro para investigar as causas da hepatite aguda de origem desconhecida em crianças, depois de ter registado 44 casos suspeitos da doença, anunciou hoje o Ministério da Saúde.

Este centro destina-se a “apoiar a investigação de casos da doença relatados em todo o Brasil, procurar provas para identificar as suas possíveis causas e definir orientações para a prevenção e controlo da doença no país”, adiantou o ministério em comunicado.

De acordo com o governo brasileiro, esta estrutura que integra vários especialistas pretende ainda “contribuir para o esforço internacional para tentar identificar o agente etiológico [causador] responsável pela sua transmissão”.

A chamada “sala de situação” foi instalada na sede do próprio ministério e conta com a participação de especialistas do governo brasileiro e da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), mas também com investigadores convidados de várias áreas.

“A criação desta sala de situação é muito importante para um acompanhamento constante e orientação de decisões e ações de forma rápida, coordenada e oportuna”, adiantou o secretário de vigilância da saúde do ministério, Gerson Pereira, citado no comunicado.

De acordo com dados oficiais, até sexta-feira, tinham sido registados no país 44 casos suspeitos da doença, três dos quais já foram excluídos e 41 continuam em investigação.

O aumento dos casos em crianças tem gerado preocupação nas autoridades de saúde devido à sua origem desconhecida, uma vez que os testes de diagnóstico não detetaram nenhum dos vírus que habitualmente causam hepatite pediátrica.

Na terça-feira, a Organização Mundial da Saúde anunciou ter já registado 348 casos suspeitos de hepatite aguda de origem desconhecida em crianças de 20 países, mas admitiu que não está ainda definida a sua causa.

A estes 348 casos prováveis juntam-se mais 70 casos adicionais que estavam com “classificação pendente” por ainda não terem completado o despiste para hepatite A, B, C, D e E ou por estarem a aguardar a validação nos respetivos países, adiantou a especialista da OMS Philippa Easterbrook.

“No presente, a hipótese mais forte continua a envolver um adenovírus”, afirmou Philippa Easterbrook, ao avançar que a covid-19 está a merecer também atenção nas investigações em curso para apurar a causa da hepatite aguda em crianças.

Estes casos de hepatite aguda têm sido detetados em crianças e jovens com idades que variam entre um mês e 16 anos, tendo sido registada a necessidade de transplante hepático em cerca de 10% das situações.

LUSA/HN

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