No encerramento de um ciclo de conferências sobre a covid-19, na sede da União das Misericórdias Portuguesas, em Lisboa, Marcelo Rebelo de Sousa considerou que em relação à pandemia de covid-19 “foi muito importante o haver praticamente desde o início uma preocupação de verdade no traçado da situação”.
“Isso ajudou, ajudou até o espírito nacional que se criou, ultrapassando barreiras entre órgãos de soberania e entre forças políticas, económicas e sociais. Eu penso que na guerra deve ser exatamente o mesmo”, acrescentou.
O chefe de Estado manifestou “dificuldade em perceber como é que se pode equacionar a realidade” da invasão russa da Ucrânia “fazendo de conta, primeiro, que é uma realidade pontual e que passa depressa, segundo, que não tem como lastro efeitos económicos, financeiros e socais muito significativos”.
Sem nunca se referir diretamente ao Governo, Marcelo Rebelo de Sousa insistiu para que se esclareça “pelo menos as margens desses efeitos” que já são visíveis nos preços da energia e no custo de vida em geral.
A seis dias da entrega da proposta de lei de Orçamento do Estado para 2023, o Presidente da República referiu que “há muito quem, e por boas razões, defenda o equilíbrio orçamental”, com o fundamento de que “os que não são tão poderosos não se podem permitir esse tipo de comportamento”.
“É verdade. Mas também é verdade que há que admitir que há situações sociais que exigem, pela sua excecionalidade, acompanhamentos e decisões e regimes e medidas excecionais”, defendeu.
Reconhecendo que “esta é uma situação muito complicada”, o chefe de Estado disse que as pessoas que sofrem os efeitos da guerra esperam dos decisores públicos que equacionem nesta conjuntura “algum tipo de excecionalidade, que se admitiu serenamente na pandemia, mas agora é mais difícil de admitir”.
“Este é um problema muito complicado, mas há uma realidade a que não se pode fugir, que é: se as notícias não são boas, têm de ser dadas”, reforçou.
NR/HN/LUSA
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