“A Comissão de Recrutamento e Seleção para a Administração Pública (CREeSAP) não encontrou uma lista de recrutamento no âmbito do concurso e, nesse contexto, pareceu-nos que não havia nenhuma boa razão para não reconduzirmos o atual presidente do INEM [Instituto Nacional de Emergência Médica]”, afirmou Manuel Pizarro, no Porto, à margem de uma sessão comemorativa do Dia Nacional do Psicólogo.
O Governo nomeou o conselho diretivo do INEM, reconduzindo Luís Meira como presidente para um mandato de cinco anos o que gerou contestação, na sexta-feira, das associações de técnicos de emergência médica e de bombeiros e agentes de proteção civil, assim como da Fénix – Associação Nacional de Bombeiros e Agentes de Proteção Civil e a ANTEM (Associação Nacional dos Técnicos de Emergência Médica).
Estas associações reiteraram hoje “a incapacidade do INEM” em responder aos pedidos de ajuda, o que resulta em “eventos trágicos”, referindo que está em causa já não só o direito à saúde, como o direito à vida.
As associações dizem num documento que será enviado pela Fénix e pela ANTEM ao Presidente da República, aos grupos parlamentares, à Comissão de Direitos, Liberdades e Garantias e à Comissão de Saúde da Assembleia da República que Manuel Pizarro “se equivocou na recondução do presidente do INEM” e que o ministro será “corresponsável em todos os eventos adversos que vierem a ocorrer no que tange à incapacidade reiterada do INEM” em cumprir a sua missão.
O ministro salientou os “grandes números” que envolvem o INEM, que “aciona 3.800 meios” por dia, e mostrou confiança na decisão que tomou: “Tenho uma enorme confiança não apenas nos dirigentes mas em todos os profissionais do INEM”.
Sobre o caso, relatado este fim de semana pelo Expresso, de um homem com uma rebarbadora agarrada à perna que foi enviado para o Hospital da Guarda, onde não há médicos de cirurgia vascular, tendo sido depois reconduzido para o Hospital de Viseu, o ministro afirmou que a situação deve ser investigada.
“Investigado não tenho dúvida nenhuma. Houve uma decisão dos profissionais que estavam a orientar esse caso, pela escolha do hospital mais próximo. Temos agora que avaliar bem se essa decisão foi bem tomada, aí está um caso que merece um estudo para saber se em situações similares essa orientação deve ser feita para o hospital mais próximo ou, pelo contrário, pelo hospital mais diferenciado, embora estivesse um pouco mais distante”, explicou.
“É mais fácil comentar à distância na tranquilidade aquilo que alguém numa determinada hora, num determinado contexto, com determinados meios teve que julgar no imediato. Eu não faço esses julgamentos sobre os profissionais de forma leviana”, disse.
Questionado ainda sobre uma denúncia da ANTEM, no domingo, em que a cidade do Porto esteve cerca de quatro horas sem ambulâncias do INEM devido “à falta de técnicos”, Manuel Pizarro salientou que o socorro à população não esteve em causa.
“O sistema integrado de emergência médica tem múltiplas componentes. Tem uma componente que são meios próprios do INEM mas tem outros meios de outros parceiros, nomeadamente corporações de bombeiros e da Cruz Vermelha portuguesa e é do conjunto dos meios que nós temos que avaliar a prontidão do sistema de emergência médica e não do facto de que um ou outro meio estar inoperacional num momento ou noutro, a verdade é que toda a capacidade de resposta se manteve na Área Metropolitana do Porto compensando uns meios algumas dificuldades que houve noutros”, disse.
LUSA/HN
0 Comments