“Se atentarmos ao mês de novembro de 2020, a TAP reduziu em 71% a sua capacidade (ASK –‘available seat kilometer’), face a novembro de 2019”, referiu Ramiro Sequeira, na missiva a que a Lusa teve acesso, que dá conta da divulgação da terceira ‘factsheet’ operacional (documento com informação operacional), que a TAP começou a disponibilizar em outubro, com informação atualizada sobre a pandemia e projeções e estudos sobre a indústria a nível mundial, bem como o respetivo impacto na sua operação.
No mesmo período, “a TAP reduziu o número de voos em 72%”, acrescentou.
Relativamente aos primeiros nove meses do ano, os principais indicadores – número de passageiros e voos, capacidade, ‘load factor’ (relação entre uma carga específica e o peso total da aeronave), ‘block hours’ (unidade de medida usada na aviação) e receita por passageiro – registaram quedas entre 63% e 70%, face ao mesmo período do ano anterior.
“Este relatório confirma a reversão da recuperação que se verificou no terceiro trimestre deste ano, na sequência da imposição de novas restrições nas viagens e da segunda vaga da pandemia, bem como realça o impacto da evolução da pandemia, das imposições e restrições à mobilidade dos passageiros e do comportamento da procura na performance operacional da TAP”, lê-se na carta enviada aos trabalhadores.
O presidente executivo da companhia aérea lembrou também que a recuperação “vai ser lenta e muito determinada pelo nível de confiança”, apontando que as projeções da Associação Internacional de transporte Aéreo (IATA, na sigla inglesa) indicam que a recuperação da procura para 90% ou mais dos níveis de 2019 nos mercados relevantes da TAP, mesmo com a vacina, só acontecerá entre 2024 e 2025, estimando-se uma recuperação da operação em cerca de 50% em 2021, comparativamente à de 2019.
“Contudo, se a retoma tiver lugar mais cedo do que o previsto, teremos a capacidade de lhe dar resposta, visto estarmos dimensionados para o nível de procura previsto para 2022, conforme previsto no plano de reestruturação”, ressalvou Ramiro Sequeira.
Relativamente à descoberta de uma nova estirpe do novo coronavírus no Reino Unido, que originou, nas últimas horas, a suspensão de voos e restrições adicionais por parte de diversos países do mundo, incluindo Portugal, o presidente executivo considerou que este é o contexto em que a TAP tem operado e que enfrentará nos próximos meses.
Quanto ao transporte de carga, o responsável deu conta de que, desde o início do ano, “a TAP já realizou perto de 300 voos exclusivamente dedicados à carga aérea, para cerca de 30 destinos diferentes, em cinco continentes”.
“Com quatro aeronaves convertidas em cargueiro, duas delas com o livery TAP Air Cargo, é evidente que o negócio da carga tem tido e vai continuar a ter um papel relevante na resposta e na recuperação a TAP”, apontou.
Os resultados operacionais e financeiros do último trimestre deste ano, são aguardados “com muita apreensão e preocupação”, apesar do período de Natal e Passagem de Ano, bem como os do primeiro trimestre de 2021, “tipicamente um trimestre desafiador para o setor da aviação, mas particularmente no atual contexto severamente afetado pelo impacto negativo da covid-19”.
Em relação ao calendário para a implementação do plano de reestruturação de que a companhia aérea vai ser alvo, Ramiro Sequeira disse que continua o diálogo “com todas as entidades representativas dos trabalhadores” e que estão a ser envolvidas “progressivamente todas as áreas”.
“De novo asseguramos que assim tenhamos todos os detalhes definidos, os mesmos serão comunicados a toda a organização, no início de 2021”, assegurou.
NR/HN/LUSA
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