Cabo Verde quer reuniões de Natal só com família e limitadas a 15 pessoas

15 de Dezembro 2020

O primeiro-ministro cabo-verdiano apelou hoje a reuniões de Natal limitadas a 15 pessoas, apenas da mesma família, e anunciou que as festas públicas de passagem de ano estão proibidas, para conter a propagação da covid-19.

Numa mensagem ao país, Ulisses Correia e Silva destacou que a evolução da pandemia em Cabo Verde “tem sido positiva”, particularmente na cidade da Praia, “que era o principal foco de preocupação”.

“Registamos com satisfação o facto de Cabo Verde registar nos últimos 14 dias uma evolução positiva de casos acumulados por 100 mil habitantes, em número muito inferior aos registados nos países europeus”, destacou.

Cabo Verde conta atualmente com 211 casos ativos de covid-19, dos quais 29 na Praia. Nos últimos 14 dias, os laboratórios de virologia do país analisaram 5.056 amostras, que resultaram em 611 casos positivos, chegando a uma taxa de incidência acumulada, provisória, de 110 casos por 100.000 habitantes.

“As ilhas do Sal e da Boa Vista registam, respetivamente, cinco casos positivos por 100.000 habitantes e 10 casos positivos por 100.000 habitantes nos últimos 14 dias, o que é um bom indicador para a retoma do turismo”, sublinhou Ulisses Correia e Silva.

Com o aproximar do Natal e das festas de passagem de ano, o primeiro-ministro avisou que não será uma época de festejos como a população estava “habituada desde sempre”: “Não vai ser com festas, beijos e abraços, porque ainda estamos sob o efeito da pandemia”.

Assim, acrescentou que “para evitar situações que possam proporcionar e propiciar o aumento de contágios” por covid-19, “impõe-se” um conjunto de medidas neste período de Natal e de passagem de ano.

“Faremos, sim, as celebrações, mas sem festas públicas ou em espaços públicos que normalmente são destinados às festividades do Natal e da passagem de ano. Normalmente, as festas que são realizadas pelos municípios nas diversas partes do país não serão permitidas”, anunciou.

O primeiro-ministro acrescentou, embora sem adiantar o enquadramento legal destas medidas, que os “convívios nas residências particulares devem acontecer num contexto intrafamiliar” neste período festivo.

“Quer dizer em família, em casa, preferencialmente entre coabitantes, ou seja, pessoas da mesma família, até um máximo de 15 pessoas, de modo a minimizar os riscos de propagação do contágio”.

Além disso, “excecionalmente” e “para fazer alguma compensação”, nos dias 25 de dezembro e 01 de janeiro, os estabelecimentos de restauração serão autorizados a funcionar até às 02:30 da manhã.

Cabo Verde regista um acumulado de 11.361 casos de covid-19 diagnosticados desde 19 de março, com 110 óbitos associados à doença, mas 11.036 foram considerados recuperados e desde outubro que o número de novos infetados tem vindo progressivamente a baixar.

A prioridade, destacou o primeiro-ministro na mensagem de hoje, passa por reduzir o número de casos nas ilhas do Fogo (84 casos ativos) e São Vicente (53).

Ulisses Correia e Silva acrescentou que Cabo Verde “é o terceiro país africano que mais testes realiza em proporção da população”.

“Até à data foram realizados mais de 150 mil testes rápidos de anticorpos e de PCR. Isto só tem sido possível porque investimos e temos estado a investir em laboratórios, em aquisição de testes em técnicos de saúde e em boas parcerias”, disse.

“Estes progressos e resultados derivam de medidas e de investimentos realizados atempadamente, desde fevereiro deste ano, que resultaram em reforço de trabalhadores de saúde, equipamentos, meios e materiais de saúde, reforço de equipamentos de proteção individual, para além da mobilização de profissionais de saúde, de proteção civil, da Polícia Nacional e das Forças Armadas”, apontou ainda.

Com o país mergulhado numa crise económica, face à ausência, desde março, de turismo, setor que garante 25% do Produto Interno Bruto (PIB), o governante destacou que a pandemia trouxe “uma junção de crises graves, intensas e impactantes”, também a nível sanitário e social.

“Este ano que termina é o mais difícil em toda a história de Cabo Verde independente. Fomos todos colocados à prova, mas temos sinais de que vamos vencer, voltar a crescer a economia, atrair investimentos, a criar empregos e criar condições, para a felicidade dos cabo-verdianos”, concluiu.

LUSA/HN

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