Para a Direção da Organização Regional de Coimbra (DORC) do PCP, a anunciada integração no CHUC do Hospital de Cantanhede e do CMRRC Rovisco Pais, localizado na Tocha, no mesmo concelho, “constitui mais um grave ataque” ao Serviço Nacional de Saúde (SNS).
“É essencial que os hospitais tenham autonomia, meios e trabalhadores para cumprir o seu importante papel de concretização do direito constitucional à saúde”, afirma a força política, em comunicado.
A estrutura comunista do distrito de Coimbra recorda que “a criação do já megalómano CHUC cedo provou que a aclamada concentração de serviços significou múltiplos encerramentos”, nos Hospitais da Universidade (HUC), como é o caso do Serviço de Cirurgia Cardiotorácica, “mas principalmente no Hospital Geral dos Covões, onde a lista não para de crescer”.
Nos Covões, concelho de Coimbra, foram extintos os serviços e unidades de Hemodinâmica, Pneumologia, Cardiologia, Cuidados Intensivos e Urgência no período noturno e fim de semana, entre outros.
“As consequências estão à vista: sobrecarga dos HUC, degradação das condições de trabalho, deterioração do serviço prestado e um claro favorecimento do negócio privado da doença, que se tem multiplicado e prosperado em Coimbra, vendo na degradação do SNS uma oportunidade de negócio”, lamenta o PCP.
Citando a administração do CHUC, o partido sublinha que a eventual integração do Hospital de Cantanhede e do Centro de Medicina de Reabilitação Rovisco Pais “decorre (…) da necessidade de empresarializar os hospitais do setor público, o que faz antever as ânsias privatizadoras que surgem”.
“Estes passos pretendem potencialmente abrir caminho à criação de uma Unidade Local de Saúde, que promove a agregação de ainda mais serviços, menosprezando os cuidados primários de saúde, ignorando a promoção da saúde e a prevenção da doença, instrumentalizando-a para dar novos mercados e novos lucros”, critica.
Na sua ótica, a defesa das populações e do SNS “torna imperativa a reversão da fusão do CHUC e a profunda rejeição de projetos de alargamento (…), cujas propaladas vantagens, de cooperação, sinergia e eficiência, escondem os propósitos economicistas, a promiscuidade com os privados e a consequente e premeditada destruição do serviço público”.
“O caminho passa pela autonomia dos hospitais, pelo reforço do SNS, pela contratação de trabalhadores e aquisição de equipamentos que permita uma verdadeira relação de proximidade com as populações”, preconiza o PCP, que promete “não abrir mão desta luta”.
Na semana passada, a Câmara de Cantanhede anunciou que vai solicitar uma reunião ao diretor do SNS, Fernando Araújo, para discutir a integração do Hospital local e do Centro de Medicina de Reabilitação no CHUC.
A presidente do município de Cantanhede, Helena Teodósio, manifestou-se desagradada com o facto de a autarquia não ter sido ainda ouvida neste processo.
NR/HN/LUSA
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