Língua azul e fundos agrícolas geram confronto no debate do OE2025

31 de Outubro 2024

No debate do Orçamento do Estado para 2025, ministro José Manuel Fernandes promete melhor execução de fundos agrícolas, enquanto oposição critica gestão da epidemia da língua azul que já afetou 279 explorações

O debate do Orçamento do Estado para 2025 ficou marcado por intensas trocas de argumentos sobre a política agrícola nacional, com o ministro da Agricultura, José Manuel Fernandes, a defender um aumento significativo na execução dos programas comunitários, enquanto a oposição centrou as suas críticas na gestão da epidemia da língua azul.

Durante o segundo dia de debate na generalidade, o ministro apresentou um conjunto de medidas e números que demonstram, segundo a sua perspetiva, uma melhoria significativa na gestão dos fundos agrícolas. Entre as principais promessas, destaca-se um contributo anual de 60 milhões de euros até 2029 através do Plano Estratégico da Política Agrícola Comum (PEPAC), que permitirá aumentar o rendimento médio dos agricultores de 81,7 para 126 euros por hectare.

Para os jovens agricultores em exclusividade, o apoio duplicará para 50 mil euros. O ministro sublinhou ainda que o investimento anual executado aumentará para 246,3 milhões de euros entre 2024 e 2029, superando os 222,5 milhões registados entre 2016 e 2023, durante a governação socialista.

Um dos pontos mais relevantes da intervenção do ministro foi o compromisso de executar mais de mil milhões de euros do Fundo Europeu Agrícola de Desenvolvimento Rural (FEADER) num período de aproximadamente ano e meio, incluindo 668 milhões do Plano de Desenvolvimento Rural 2020 e mais 400 milhões de euros adicionais.

Contudo, a oposição manifestou forte preocupação com a gestão da epidemia da língua azul, que já afetou 279 explorações de bovinos e ovinos, principalmente nas regiões de Évora e Beja, resultando na morte de 1.775 animais. O PCP, pela voz de Alfredo Maia, acusou o governo de inação desde a deteção da doença em setembro, permitindo a sua propagação por todo o território.

Em resposta às críticas sobre a língua azul, o ministro explicou que o serotipo 3 só foi identificado em 13 de setembro e ainda não existe uma vacina eficaz, embora já tenham sido investidos cerca de 11 milhões de euros no combate a outros serotipos da doença.

O debate revelou também divergências quanto à interpretação do orçamento para o setor. O Chega, através do deputado Pedro Frazão, contestou o alegado aumento de verbas, argumentando que o montante global agora inclui as verbas destinadas às florestas. Os cortes no setor das pescas foram criticados tanto pelo Chega como pelo PS, através do deputado Walter Chicharro.

Questões ambientais e de sustentabilidade também marcaram o debate, com o PAN e o Livre a criticarem a abordagem do governo. Isabel Mendes Lopes, do Livre, criticou especificamente a decisão de abrir à pesca o mar das ilhas Selvagens, enquanto Inês Sousa Real, do PAN, apontou falhas nas políticas de bem-estar animal e sustentabilidade agrícola.

A centralidade da agricultura na política governamental foi outro tema de debate, com o CDS a valorizar a presença do ministro no debate orçamental, enquanto o PS, através do deputado Nelson Brito, minimizou essa importância, comparando-a com a intervenção do ministro da Coesão.

NR/HN/Lusa

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