Em comunicado enviado às redações, o IPVC explicou que a sopa foi desenvolvida ao abrigo do projeto Nutriage, que contou com a participação do IPVC, com o objetivo de “criar soluções avançadas para melhorar a qualidade de vida dos idosos”, residentes em lares nas duas regiões vizinhas.
“A grande aceitação por parte dos idosos institucionalizados em Portugal revela que esta sopa rica em nutrientes pode ser uma alternativa aos suplementos comerciais e aos alimentos de difícil mastigação ricos em fibra e proteínas”, afirmou Ana Cristina Duarte, do Centro de Investigação e Desenvolvimento em Sistemas Agroalimentares e Sustentabilidade (CISAS), citada na nota.
O projeto Nutriage é cofinanciado pelo Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER), através do Programa Interreg V-A España-Portugal (POCTEP) 2014-2020.
O “objetivo principal do projeto Nutriage foi assegurar um envelhecimento saudável através da avaliação, estudo e desenho de estratégias nutricionais personalizadas”.
Essas estratégias “foram fundamentadas na alimentação tradicional atlântica (Dieta Atlântica) e no desenvolvimento de novos produtos alimentares que otimizem o estado nutricional dos idosos e previnam o declínio funcional e cognitivo”.
“Pretendia-se gerar capacidades em Investigação, Desenvolvimento e Inovação (I+D+I) que favorecessem a melhoria na qualidade de vida dos idosos a partir da nutrição, reforçar a sustentabilidade e eficiência do sistema sócio sanitário e incentivar o crescimento e a criação de novas oportunidades de negócio para a indústria agroalimentar”, explica a instituição de ensino superior.
Com “as atividades associadas ao projeto surgiram resultados no âmbito da avaliação da situação nutricional, das estratégias de intervenção nutricional e no impacto e projeção socioeconómica do envelhecimento saudável”, refere, sendo que o IPVC “participou na identificação, desenho e desenvolvimento de novos alimentos”.
Segundo Ana Cristina Duarte, esta ação “teve como objetivo o desenvolvimento de um produto alimentar destinado à população idosa que contribua para corrigir deficiências e desequilíbrios detetados nos lares de idosos, tendo em conta os hábitos alimentares dos idosos e viável desde o ponto de vista tecnológico, económico e comercial”.
O IPVC “acabou por desenvolver um produto alimentar destinado à população idosa, determinando as suas propriedades nutricionais, sensoriais e antioxidantes, bem como avaliando a aceitação deste produto por idosos institucionalizados da Galiza e Norte de Portugal”.
“Um dos principais componentes da sopa é a farinha de couve-galega (género Brássica), vegetal amplamente cultivado e consumido nas regiões do Norte de Portugal e Galiza e um componente tradicional da Dieta Atlântica”, esclareceu Ana Cristina Duarte.
A investigadora adiantou que o seu consumo “está associado ao efeito preventivo de algumas doenças crónicas, como cancro, aterosclerose e diabetes”.
“Estes efeitos benéficos foram atribuídos à presença de compostos bioativos com atividade antioxidante, como compostos fenólicos, carotenoides e flavonoides. Em alternativa à couve fresca, a couve desidratada pode ser uma boa fonte de proteínas, fibras e compostos bioativos e, portanto, pode ser usada para enriquecer matrizes alimentares”, confirmou a investigadora, garantindo que esta sopa “tem um alto teor de proteína e pode fornecer uma percentagem razoável das necessidades diárias de fibra para os idosos”.
Durante a pesquisa, o IPVC “trabalhou com idosos do lar da Santa Casa da Misericórdia do Porto, um dos parceiros do projeto.
“Tivemos uma fase de realização de inquéritos para perceber a adesão à Dieta Atlântica e para conhecer os gostos, as preferências e os costumes dos idosos”, explicou a investigadora, adiantando que outra equipa fez o mesmo trabalho em lares na Galiza.
Com a Universidade Católica do Porto foi realizada uma avaliação do estado nutricional dos idosos, levantamento que permitiu ao IPVC “desenvolveu em laboratório um produto alimentar adequado às carências nutricionais detetadas – sopa enriquecida com farinha de brássica, um ingrediente de fácil incorporação numa receita base de sopa”.
A sopa “é rica em proteína e tem razoáveis percentagens de outros ingredientes, como por exemplo fibra, podendo facilmente colmatar essas deficiências”, referiu Ana Cristina Duarte, destacando a importância da sopa ser “um produto a que os idosos estão habituados”.
A escolha com couve desidratada para o enriquecimento da sopa foi também justificada com a necessidade de aproveitamento “dos habituais excedentes de produção de couves e de partes da folha que habitualmente são descartadas”.
De acordo com Ana Cristina Duarte, a produção desta sopa “à escala industrial não foi realizada a 100% por causa da pandemia de covid-19, que impediu o acesso aos lares”.
LUSA/HN
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