Sindicato considera ilegal mobilização de médicos para Reguengos de Monsaraz

20 de Julho 2020

O Sindicato dos Médicos da Zona Sul (SMZS) considerou hoje "abusiva e ilegal" a mobilização de médicos para prestarem cuidados aos utentes de um lar em Reguengos de Monsaraz (Évora) onde surgiu um surto de covid-19.

Em comunicado, o sindicato indicou que “tem vindo a denunciar a abusiva e ilegal política de mobilização de médicos” para Reguengos de Monsaraz, “decidida e executada” pelo presidente da Administração Regional de Saúde (ARS) do Alentejo.

“Nunca esteve em causa a recusa de qualquer médico à prestação de cuidados a doentes”, garantiu o SMZS, manifestando-se contra “a forma desrespeitosa” como os clínicos “foram tratados e as atitudes autoritárias e sem fundamento a que têm sido sujeitos”.

O concelho de Reguengos de Monsaraz regista o maior surto no Alentejo da doença provocada pelo novo coronavírus SARS-CoV-2, depois de ter sido detetado, em 18 de junho, no lar da Fundação Maria Inácia Vogado Perdigão Silva (FMIVPS).

Na sequência deste surto, segundo a mais recente atualização do boletim epidemiológico, divulgada hoje pelo município, mas com dados até domingo, este concelho do distrito de Évora regista 17 mortes, 90 casos ativos e 55 curados.

O SMZS advertiu que este surto “veio agravar” a falta de clínicos no Alentejo, por estarem a “obrigar a deslocar médicos de família para prestar cuidados aos utentes do lar” e, assim, deixar “a descoberto os utentes dos centros de saúde”.

Mas, segundo o sindicato, as condições existentes no pavilhão do parque de freiras da cidade para onde o idosos com covid-19 foram transferidos “não garantem nem a segurança dos utentes do lar, nem a dos médicos mobilizados para lhes prestar assistência”.

“São colocados mais de 50 doentes a cargo de apenas um médico de família, que frequentemente não tem qualquer apoio de especialidade hospitalar, ao contrário do preconizado em despacho emitido pela ARS do Alentejo”, adiantou.

Para o SMZS, “a ARS do Alentejo terá de assumir publicamente as suas responsabilidades, por condicionar o acesso dos utentes aos seus médicos de família e ter dado prioridade aos utentes do lar de Reguengos de Monsaraz, uma instituição que não pertence ao Serviço Nacional de Saúde (SNS)”.

O sindicato acrescentou que o organismo terá também de “responder pelo tipo de assistência médica prestada aos doentes do lar de Reguengos de Monsaraz”, a qual “passou a ser da exclusiva responsabilidade do presidente da ARS do Alentejo”.

Por outro lado, o SMZS afirmou que o Hospital do Espírito Santo de Évora (HESE) “decidiu, unilateralmente, deslocar médicos de várias especialidades para prestar cuidados a doentes com covid-19”, considerando que a medida “tem consequências” na qualidade dos cuidados prestados aos doentes com patologias crónicas e que não têm covid-19.

O conselho de administração do HESE, defendeu, “terá de ser responsabilizado pelas faltas de assistência que estes doentes venham a sofrer, bem como por eventuais erros médicos decorrentes da prática não especializada relativamente a doentes covid-19”.

No comunicado, o SMZS questionou “a legalidade da mobilização de médicos feita por administradores politicamente nomeados sem a adequada fundamentação e sem que a autoridade de saúde regional se tenha pronunciado” e assegurou que “vai apoiar os seus associados no decorrer da ação judicial levada a cabo pelo Ministério Público”.

Portugal contabiliza pelo menos 1.689 mortos associados à covid-19 em 48.636 casos confirmados de infeção, segundo o último boletim da Direção-Geral da Saúde (DGS).

LUSA/HN

0 Comments

Submit a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

ÚLTIMAS

Abertas candidaturas para o Prémio Grünenthal Dor 2023

A Fundação Grünenthal premeia anualmente trabalhos de investigação clínica ou básica, a quem atribui um prémio no valor de 7500 euros. O período de apresentação de candidaturas decorrerá até 30 de maio de 2024.

ULSVDL adota solução inovadora para gestão e rastreabilidade do instrumental cirúrgico

No âmbito da candidatura ao Sistema de Apoio à Modernização Administrativa (SAMA) “DIR@2020 – Desmaterializar, Integrar e Robotizar”, a Unidade de Reprocessamento de Dispositivos Médicos (URDM) da Unidade Local de Saúde Viseu Dão Lafões (ULSVDL) deu um passo importante para otimizar os seus processos, ao implementar uma solução de gestão e rastreabilidade do instrumental cirúrgico

MAIS LIDAS

Share This
Verified by MonsterInsights