Apoios sociais vão ser descontinuados com a retoma

31 de Julho 2021

O ministro da Economia afirmou hoje que, face à retoma económica, os apoios sociais vão ser descontinuados e fez um “balanço positivo” da utilização dos fundos europeus pelas empresas para enfrentar a crise.

“Temos que descontinuar os apoios sociais, não tenho dúvidas a esse respeito. Espero que já estejamos no fim da covid. Mas temos que ir retirando estes apoios às empresas, os apoios sociais”, declarou Pedro Siza Vieira.

O governante falava após reunir-se com os responsáveis da Associação Comercial e Industrial do Funchal – Câmara do Comércio do Funchal e diversos empresários de diferentes setores da região no final da visita que efetuou hoje à Madeira, acompanhado pelo vice-presidente do Governo Regional, Pedro Calado, e pelo secretário da Economia da Madeira, Rui Barreto.

O responsável respondeu a várias questões colocadas pelos empresários madeirenses, entre os quais um da área da tecnologia, que realçou o problema da “falta de pessoas para trabalhar” na região porque estão dependentes de subsídios.

Siza Vieira argumentou que estes auxílios não podem ser “retirados cedo demais”, porque ainda não se sabe “qual o ritmo de recuperação da economia”.

“Tivemos mesmo que estender os apoios sociais e alargamos o período de duração” dos subsídios durante a crise, entre outras medidas, para evitar que as pessoas “caíssem na miséria”, argumentou o ministro, complementando que a sua retirada “não pode acontecer muito cedo”.

O ministro realçou que o Governo “despendeu imenso em apoios sociais e isso foi positivo”, porque também permitiu o aumento do rendimento dos portugueses em 2020 e o “consumo privado voltou a disparar”.

Outro ponto focado foi a necessidade da formação adequada às necessidades do tecido empresarial que os empresários consideram estar atualmente “desfasado”.

Pedro Siza Vieira corroborou ser preciso “adequar a formação às necessidades do futuro”, um processo que tem de ser acelerado para Portugal poder responder aos desafios do futuro.

“Os nossos jovens vão estar cada vez mais qualificados e vamos ter que lhes dar ocupações mais exigentes e melhor remuneradas e, se calhar, vamos ter que trazer gente de fora para preencher outras ocupações menos qualificadas”, afirmou.

O governante referiu que está a ocorrer “uma recuperação económica em capa”, a duas velocidades, havendo setores que estão a “recuperar muito bem”, como a construção, a indústria transformadora e as tecnologias, enquanto outros, nomeadamente, o turismos e as empresas do ramo alimentar, “sentiram fortemente o impacto da crise”.

Pedro Siza Vieira também destacou que a Madeira foi a primeira região a lançar linhas de apoio às empresas, com fundos próprios, operacionalizadas pelo Banco de Fomento, na ordem dos 120 milhões de euros, que “oferecia a possibilidade de reconversão de parte do crédito em subsidio a fundo perdido”.

“Trabalhamos muito de perto com a secretaria regional da Economia para fazermos a notificação à Comissão Europeia para que autorizasse este esquema” e foi “com muita satisfação que nós próprios começamos a imitar no continente o esquema madeirense”, adiantou.

O ministro complementou que “depois a Comissão Europeia incorporou no regime geral de auxílios temporários por causa da pandemia covid este esquema que a Madeira lançou”.

Siza Vieira salientou que “não há possibilidade, ao abrigo do PRR, de dar subvenções” reivindicadas pelas empresas e fez “um balanço positivo da aplicação dos fundos europeus” por parte do tecido empresarial, que foram “um balão de oxigénio” neste tempo de crise.

O ministro ainda falou das acessibilidades e da mobilidade aérea como “um ponto critico para Portugal”, porque 90% das pessoas que visitam o país chegam de avião.

Siza vieira assegurou que “o esforço na recuperação das acessibilidades aéreas tem sido muito grande”, mencionando que se tem reunido com administradores de várias companhias aéreas.

No final desta deslocação à Madeira, o ministro da Economia ainda se reuniu com o presidente da Câmara do Funchal, Miguel Silva Gouveia.

LUSA/HN

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