Cientistas pedem que Hong Kong abandone estratégia de ‘zero casos’

22 de Março 2022

Os principais cientistas de Hong Kong pediram hoje às autoridades do território que abandonem a estratégia de “zero casos” de covid-19 da China, para que o centro financeiro não se converta num “porto fechado para sempre”.

“Os últimos dois meses foram uma experiência muito dolorosa e não podemos mais esperar”, disse Gabriel Leung, que lidera uma equipa de cientistas que fazem pesquisas sobre o novo coronavírus.

Na segunda-feira, a chefe do executivo, Carrie Lam, anunciou a flexibilização das restrições, a partir de abril – principalmente no que diz respeito aos voos internacionais e à duração da quarentena na chegada ao território -, mas não apresentou uma estratégia para sair da crise.

Hong Kong enfrenta um surto sem precedentes desde o aparecimento, no início de janeiro, da altamente contagiosa variante Ómicron. Leung, reitor da Faculdade de Medicina da Universidade de Hong Kong, é um especialista do governo referido regularmente por Lam.

O reitor pediu para a cidade considerar a covid-19 como uma doença endémica e focar-se na vacinação, caso contrário a região semiautónoma da China “permanecerá um porto fechado para sempre”.

Este é o “caminho mais seguro, porque não sabemos se a próxima variante será mais fraca ou mais forte do que as que conhecemos”, argumentou.

Tal abordagem equivaleria a um afastamento da estratégia chinesa. Mas o Presidente chinês, Xi Jinping, recusou na semana passada abdicar da política de tolerância zero à covid-19, numa altura em que o seu país enfrenta o pior surto epidémico desde 2020, optando antes por confinar dezenas de milhões de habitantes.

A equipa de Leung estima que cerca de 4,4 milhões de pessoas em Hong Kong, uma das cidades mais densamente povoadas do mundo, ou 60% da população, foram infetadas desde o início da vaga da Ómicron, em janeiro.

Os números oficiais mostram mais de um milhão de casos e quase 6.100 mortes desde janeiro, principalmente entre a população idosa não vacinada.

Desde o início da pandemia, a cidade de 7,4 milhões de habitantes aplicou uma política rígida de “zero casos”, à semelhança da China.

Mas desde o aparecimento da variante Ómicron, no início de janeiro, os hospitais ficaram sobrecarregados e Hong Kong está agora entre os territórios desenvolvidos com uma das maiores taxas de mortalidade.

As medidas draconianas impostas pelas autoridades na tentativa de conter a pandemia provocaram um êxodo de habitantes estrangeiros e locais.

LUSA/HN

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